EX-MADAME 06
CAPÍTULO 06
O PASSADO DE KÁTIA
Kátia sentou à mesa para tomar o café da manhã e perguntou:
-Criada, o que é isso?
-Pão com ovo e café puro. – respondeu Samantha.
-Eu sei bem, mas me refiro a esse café chinfrim, como ousa a me servir isso? Eu quero uma fruta, brioches, iogurte, suco...
-Aterrissa
Kátia, sai desse mundo que não te pertence, prima. Você está no fundo
do poço, deveria agradecer por ter pelo menos pão com ovo pra comer.
-Eu
não estou no fundo do poço, querida, isso é momentâneo, em breve eu
voltarei a ser rica. E quando eu for rica novamente, você ganhará de
presente um avental e escrito nele: Me bata!
Samantha ficou furiosa. Oliver surgiu para tomar o café, ainda de camisola:
-Bom dia Salamandra! Bom dia Mademoiselle!
-Bom dia Oliver! O que faz com a minha camisola? - perguntou Samantha.
-É que gostei tanto dela que resolvi usá-la. Ah, tirei uma selfie e ganhei milhares de reações e curtidas.
-Melhor seria se tivesse ganhado dinheiro! - Concluiu Kátia.
Após o café da manhã, no quarto da ex-madame, Oliver mexeu em algumas coisas que havia num baú e encontrou um álbum:
-Mademoiselle, olhe só o que encontrei, o seu álbum de fotografias!
Kátia logo o tomou das mãos do rapaz e disse:
-Cuidado, isso é uma relíquia. Neste álbum você encontrará fotos minhas, antiguíssimas.
-Sei, antiguíssimas tipo, anos 50?
A mulher virou os olhos e disse:
-Não, bicha burra, eu não sou tão velha assim. São fotos minhas, da pobreza à riqueza.
-Mas mademoiselle, você ainda é pobre.
A mulher virou os olhos novamente e falou:
-Me refiro ao período em que realmente eu não sabia o que era ter luxo até meu casamento com Nicollas.
Kátia
então lembrou-se do passado, quando tinha dez anos. A época em que
morava no Ceará, junto seus meus pais, na mais extrema pobreza, quando
ainda tinha cabelos ruins e sujeira nas unhas.
"Ceará, anos 80.
Liduína, mãe de Kátia, acordou a filha às quatro e meia da manhã:
-Acorda
cabelo de vassoura de piaçava. Precisamo ir à cidade, pá casa da dona
Francisca Gurgel. Num rô mais te deixá em casa suzinha não. Da última
vez tu incendiou nosso casebre.
-Mas mãe, eu não gosto de ir pra cidade.
-Tu num tem querê não, mocinha feia. Rô te lerrár sim, teu pai já diche que eu te lerrasse porque nem ele num te suporta mais.
-O papai me odeia porque eu vi ele pegando na bunda da Luzia.
Liduína ficou perplexa e perguntou:
-Tu viu isso adonde, muleca?
-No
mato. Eu estava sacrificando meu gatinho, quando eu vi eles bem
pertinho um do outro, aí o papai pegou na bunda da Luzia e ela sorriu.
-Ah desgraçado. Ele rái vê só!
As
duas então foram para a cidade. Quando chegaram à mansão da Francisca
Gurgel, Liduína e a filha bateram palma. Maria das Dores, ou
simplesmente Dorinha, foi até o portão e disse:
-Tem pão velho aqui não!
-Não moça, sou mendiga não. Eu vim faxinar a casa, sou eu, Liduína.
-Ah, sei, a faxineira. Mamãe comentou mesmo que eu escondesse meus pertences, pois você viria.
As
duas então entraram na casa. Francisca Gurgel era esposa de um
comerciante muito popular na cidade. Ela era uma dondoca, muito chique, e
com mania de limpeza:
-Tirem os chinelos! - Disse Francisca.
Liduína e a filha se entreolharam e ficaram descalças. A mulher então falou:
-Agora
sigam direto para a cozinha, sem tocar em nada. Vou orientá-la no que
deverá fazer. Ah, e essa pentelha, por que a trouxe?
-É
minha fia, dona Francisca. A coitadinha não podia ficar em casa,
porque o pai dela foi trabaiá na roça, e eu vim faxinar aqui. Ela tem
medo de ficar suzinha.
-Ela é vacinada? Toma remédio pra verme anualmente? Tomou banho hoje?
Kátia começou a rir descontroladamente, mas a mãe a beliscou, o que a fez parar. Mais
tarde, Kátia sentiu-se entediada por ter que ficar olhando a mãe
trabalhando. Ela então saiu de fininho e foi para o jardim. Ela olhou o
belo jardim, cheio de flores das mais diversas espécies. Ela então tirou
uma tesoura da sua bolsinha e cortou todas as flores.
Liduína
sentiu a falta da filha e pensou: "-Onde estará aquela encapetada?". A
mulher saiu à procura da menina, mas não a encontrou.
Dorinha
estava no quarto, treinando balé em frente ao espelho. Kátia, da
janela, viu a cena e achou muito interessante. Dorinha viu a menina e
perguntou:
- O que está olhando?
-Você é bonita, e essa roupa também.
-Essa roupa é de bailarina, eu faço balé. Poucas garotas podem fazer isso, só as mais ricas da cidade.
-Eu também queria fazer balé. - Disse a menina, entristecida.
-Você não pode, além de feia, é pobre. - Dorinha gargalhou e continuou a dança.
A
menina, zangada, pensou numa traquinagem. Enquanto isso, na cozinha,
Francisca observava a faxineira trabalhando. Liduína lavava a louça, e Francisca dizia:
-Esse copo ainda esta sujo!
-Essa panela esta manchada!
-Essa faca esta com espuma!
Liduína
não suportava gente no seu pé. Quando Dorinha saiu do quarto, Kátia
aproveitou a oportunidade e entrou. Ela tirou uma barata morta da sua
bolsinha, colocou dentro da sapatilha de balé da moça e saiu.
Mais tarde, Kátia foi à sala de estar da mansão e sentou-se no sofá. Francisca viu a cena, foi até a garota e disse:
-Querida, levante desse sofá para não sujá-lo com esses pés encardidos. Sente-se no chão.
Kátia
levantou, chateada, e sentou-se no chão. Quando a mulher saiu, ela
tirou alguns alfinetes da sua bolsinha e pregou-os no sofá com a ponta
para cima, e saiu. João, assim chamado o dono da casa, chegou ao
meio-dia, ansioso para almoçar. Quando entrou no quarto, viu Kátia
dormindo em sua cama e chamou a esposa:
-O que houve marido? - Perguntou a dona da casa.
-O que essa menina faz dormindo em nossa cama? Veja só, ela está babando o nosso travesseiro.
A
mulher chamou a menina e a puxou pelas orelhas, colocando-a para fora
do quarto. A pobre garota saiu do quarto assustada e irritada. Foi até a
cozinha, pegou os frascos de tempero e trocou o que tinha dentro.
O almoço já estava pronto e Liduína se preparou para servir, mas antes, disse à filha:
-Ei menina, num rái saí daqui não. Se tu saí, quando nóis chegar em casa, eu te dou uma chinelada e te enterro no formigueiro.
A
menina virou os olhos e assentiu. Na mesa estavam João, Francisca e
Dorinha. Liduína serviu o almoço e antes de voltar à cozinha, a patroa
falou:
-Ei criada, tome de conta daquela monstrinha, senão eu mesma darei uma surra nela.
-Sim sinhora, prometo que ela rái se comportá.
Kátia viu a cena de longe, e quando a mãe voltou à cozinha, ela perguntou:
-Mamãe, eu posso ir brincar no jardim?
-Pode, mas fica calada e quieta, senão quando chegar em casa, a corda rái fazer a festa nas tuas costa!
A menina então tirou um prego da sua bolsinha, foi até o carro do comerciante e secou os quatro pneus.
Durante
o almoço, João pegou o frasco de açúcar e despejou no suco. Quando
tomou, sentiu um gosto apimentado e, já com o rosto avermelhado, tomou
uma jarra d'água. Dorinha pegou o frasco de sal e despejou na comida.
Quando colocou a primeira colher da refeição na boca, cuspiu no prato e
disse:
-Aqui não tem sal, mas sim açúcar!
-O que está acontecendo? Deve ser culpa daquela empregadinha e de sua filha.- Disse Francisca.
Liduína
pegou na mão da filha, apressada, e fugiu da mansão pelos fundos. João
levantou da mesa e decidiu almoçar fora de casa, mas quando ia entrar no
seu carro, viu os pneus secos, ou furados. Dorinha voltou ao quarto
para ensaiar o balé, mas quando calçou as sapatilhas, sentiu algo dentro
de uma delas, quando foi ver o que era, deu um grito e saiu assustada
ao ver uma barata morta. Ela foi para a sala, irritada, e quando sentou
no sofá, espetou a bunda.
Francisca
não encontrou a faxineira, e quando foi ao jardim, viu todas as flores
cortadas e um buquê bem grande na entrada de casa, enrolado numa fita e
escrito: VÃO SE FERRAR!"
Oliver falou:
-Mademoiselle, você era uma pestinha na infância!
-Ela ainda é uma peste, Oliver, e aprendeu a chamar os empregados de "criados" com essa tal Francisca! - Disse Samantha.
Os três continuaram olhando as fotografias do álbum, quando, numa foto da adolescência, Kátia teve outra lembrança:
"Ceará, anos 90.
Era
festa de São João. Kátia já era uma adolescente e estava com sua melhor
amiga, Regina. Esta era uma moça mais quieta, sensível e muito bonita:
-Regina, eu vou ali me maquiar atrás da árvore! - disse Kátia.
-Vai desobedecer seu pai? – Perguntou a amiga.
-Claro que não, por quê?
-Porque ele falou que não queria vê-la saindo de casa maquiada.
-Então, eu não estou desobedecendo-o. Eu não saí de casa maquiada, saí sem maquiagem e vou me maquiar agora!
Kátia então se maquiou atrás de uma árvore. Mais tarde, ela viu Maurinho e disse à amiga:
-Regina, olha só o Maurinho acompanhado daquela lambisgóia de nome Felícia!
-Amiga, melhor irmos comer um pé-de-moleque, estou morrendo de fome.
-Eu vou sim, quebrar o pé de uma moleca chamada Felícia.
-Kátia
esquece essa menina. Olha que ela é a garota mais bonita da escola, e
se você sequer tratá-la mal, será linchada por todos.
-Eu apenas não me conformo em ver o Maurinho namorar com ela. Ela é muito magra, parece um esqueleto.
Maurinho
era o garoto mais bonito da escola, e Felícia a mais bonita. Os
dois formavam um casal perfeito. Kátia queria destruir essa química
entre os dois a qualquer custa. Ela lembrou que haveria uma gincana
naquela noite e colocou seu plano em ação. Kátia se ofereceu pra ajudar a
líder da gincana.
A
primeira brincadeira foi a Corrida de Saco. Kátia pegou uma pá, cavou
areia de formigueiro e colocou no saco destinado à Felícia. Quando a
corrida começou, nos primeiros pulos, Felícia sentiu picadas em seus
pés, eram as formigas picando-a. Ela caiu e perdeu a primeira prova.
A
segunda brincadeira foi a do Rabo do Burro. Kátia começou a comer uma
banana enquanto assistia. Algumas pessoas participaram e quando chegou a
vez de Felícia, Maurinho vendou os olhos da moça para que ela colocasse
o rabo no burro que estava desenhado na parede a uma certa distância.
Quando a garota ia andando, sem enxergar nada pois os olhos estavam
vendados, Kátia rebolou uma casca de banana e a garota pisou e
escorregou. Todos caíram na risada.
A
terceira brincadeira era Derrubando Latas. Nessa brincadeira, o
arremessador deveria derrubar as latas com uma bola de tecido (feita com
meia). As latas deveriam estar vazias, mas Kátia escolheu algumas e as
encheu com areia, para que ficassem pesadas e Felícia nunca as
derrubasse. Foi o que aconteceu. Todos riram de Felícia.
A moça desistiu de brincar e foi embora, deixando Maurinho livre para Kátia:
-Maurinho, tudo bem? – Perguntou Kátia.
-Mais ou menos, a garota dos meus sonhos perdeu todas as provas da gincana e foi embora.
-Mas há outras moças bonitas aqui na festa, não acha?
-Tem razão Kátia, vou flertar a Regina.
A
adolescente ficou furiosa por ter levado um fora do rapaz. Antes de
acabar a festa, o pai de Kátia chegou e viu a filha maquiada. Ele a
chamou: "KÁAAATIAAA!". Ele a pegou pelo braço e a levou para casa."
-E você apanhou mademoiselle? – Perguntou Oliver.
-Só um pouquinho, com um pedaço de tábua. Passei dias sem poder sentar. - respondeu Kátia.
Neste momento, Oliver viu uma foto de ex-madame e do seu falecido marido, Nicollas Lamartine. Kátia falou:
-Ual, que saudade. Essa foi a primeira foto que tirei com o Nicollas.
-Como conheceu o Nicollas, mademoiselle?
Kátia então lembrou:
"Ceará. 2010.
Liduína não queria que a filha fosse embora:
-Minha fia, num me deixa aqui não!
-Eu vou mãe, estou cansada dessa pobreza. Vou ficar rica em São Paulo, e quando eu ficar rica...
-Já sei, vai vir me buscar. - Interrompeu Lidú.
-Eu não ia dizer isso. Ia dizer que quando eu ficar rica, eu vou embora desse país para sempre.
-Vai abandonar sua mãe? Engrata!
-Vou
sim. Lembro-me do dia em que você me bateu por eu ter cortado as flores
da casa da dona Francisca, por eu ter trocado os temperos, colocado
alfinetes no sofá dela, secado os pneus do carro do marido dela e
colocado uma barata na sapatilha da Dorinha.
-Mas ocê mereceu!
-Teve outra vez que o papai passou meu rosto na parede por eu ter usado maquiagem numa festa junina.
-Ocê mereceu!
-Lembro-me também do dia em que fui colocada na fogueira quando disseram que eu era uma bruxa!
-Ocê fez por merecer!
-Está vendo, vocês me odeiam!
-Eu até pedi dinheiro emprestado pá tua tia Carmem pá tu fazer essa viage, engrata!
-Problema seu e dela!
O
ônibus passou e Kátia embarcou para São Paulo. Alguns dias depois,
Kátia foi trabalhar como empregada na casa de Cora. Ela não sabia fazer
muita coisa, mas queria a todo custo penetrar numa casa de ricos.
Nicollas, marido de Cora, era muito gentil com Kátia, e ela logo pensou
num plano: -Vou dar em cima desse velho, engravidar dele e depois dar o
golpe do baú.
Certo
dia, Cora e a filha foram ao SPA pela manhã, e quando faziam isso, só
voltavam à noite. Kátia viu ali uma forma de colocar seu plano em ação.
Nicollas foi almoçar e como estava só, pediu para que Kátia sentasse
junto a ele:
-Não posso seu Nicolas, eu sou uma simples empregada doméstica.
-Imagina, sente-se e me acompanhe nessa refeição, afinal, não gosto de comer sozinho.
Kátia
sentou perto do patrão e os dois começaram a conversar. Vez ou outra,
ela dava em cima dele, até que, de propósito, ela derrubou uma taça de
água nele, molhando sua blusa:
-Oh, que desastrada eu sou. Deixe que eu seco sua blusa.
Ela então foi à área de serviço, colocou a blusa do homem no lixo e pegou outra. Ela voltou e disse:
-Patrão, eu trouxe uma limpinha, para que o senhor não se atrase no trabalho.
-Obrigado Kátia, você está se saindo melhor do que a Cora. Ultimamente ela tem sido um encosto em minha vida.
-Obrigada patrão!
Com
um tempo, Kátia se tornou amante de Nicollas. Ele saía do seu quarto
quase todas as noites e ia para o quarto da empregada. Certo dia, Kátia
comprou um relógio despertador e o colocou para despertar às duas horas
da manhã, no quarto da patroa. Neste dia, meia noite e meia, Nicollas
saiu para ir namorar com Kátia. Às duas e meia, o despertador tocou e
Cora acordou, olhou para o lado e não encontrou o marido. Ela foi ao
toalete, mas ele não estava lá. Ele se perguntou:
-Onde estará aquele cão?
Cora
saiu do quarto à procura do marido. Nicollas estava dormindo com Kátia.
Esta esperava ansiosa para que Cora flagrasse os dois juntos. A
socialite procurou o marido na cozinha, na sala, no jardim, mas nada de
encontrá-lo:
-Onde será que aquele "cocô de cavalo" se meteu? Ah, já sei, vou procurá-lo no telhado da casa! – Disse Cora.
A avidez de Kátia estava lhe deixando com os nervos à flor da pele:
-Mas que corna tapada. Há horas estou aqui, pronta pra ser flagrada. Sabe de uma coisa, vou trazê-la aqui, nem que seja à força!
Kátia então foi atrás da patroa, e quando a viu, perguntou:
-Dona Cora, o que fazia no telhado?
-Estou procurando o meu marido, que sumiu do quarto. Já o procurei por toda parte e não encontrei aquele traste.
-Faltou procurar em um local!
-Mas o único local que não procurei foi no seu quarto.
Kátia baixou a cabeça, sorriu e disse:
-Pois vá!
Cora
foi ao quarto da empregada e viu o marido aos roncos, dormindo na cama
dela. A mulher ficou furiosa e o chamou: -NICOLLAAAAASSS!!!!
O homem acordou atordoado. A mulher quis agredi-lo, em vão. Ela disse:
-Eu quero a separação!
-Mas meu amor, ela foi só um passatempo! -Disse Nicollas.
-Como
você pode ter feito isso comigo? Você era um simples filho de uma
vendedora de pirulitos quando o conheci. Dei tudo a você, casa, comida,
roupa lavada e um par de pernas grossas. – Disse Cora aos prantos.
-E
eu fui um passatempo? Como pode falar isso de mim? Dei tudo a você,
noites de amor, noites de paixão, um par de pernas bonitas e um pouco de
aguardente do Ceará. E mais, eu não vou morar debaixo da ponte com o
nosso filho! – Disse Kátia, mentindo sobre a gravidez.
Depois
dessa revelação, Cora acordou a filha e a levou para um hotel. No dia
seguinte, Cora voltou ao seu país de origem, França, junto com a filha.
Nicollas
se divorciou de Cora e alguns dias depois casou-se com Kátia, em
separação de bens, sem a mulher saber. Ele pediu que a mulher assinasse o
documento sem saber do que se tratava, e confiando nele, Kátia assinou.
Nicollas
levou Kátia para morar na França, e a mansão em São Paulo ficou
fechada. Quando chegou à nova mansão, ela saiu da limusine com um ar de
superioridade. Os empregados já estavam à espera do casal, e Kátia ao
vê-los, disse:
-Quero
ver os dentes, ouvidos e unhas. Todos os criados deverão trabalhar em
perfeito estado de higiene. Eu sou a nova dona da casa e sou muito
exigente.
Lis e Darci odiaram a nova patroa. A socialite entrou na mansão e ficou deslumbrada com tanto luxo.
O
tempo passou e Kátia fingiu ter perdido o bebê. Ela se tornou amiga de Louise, esposa de um conde e
parente distante da família Lamartine. A afinidade entre as duas era
grande, pois Louise odiava Cora. Num sábado pela manhã, Louise foi visitar a amiga:
-Louise, querida, que surpresa boa você aqui! - Disse Kátia.
-Estava
rezando para que chegasse logo o final de semana, para eu
vir visita-la
e colocar os assuntos em dia, querida. – Disse Louise.
-Vou pedir a criada pra fazer um chá pra gente.”
-Eu lembro bem mademoiselle, você adorava aquele chá feito pela Lis. - Disse Oliver.
-Adorava infernizar os empregados também. – Disse Katia, sorrindo.
Uma
fotografia que chamou a atenção de Oliver foi uma em que Kátia e
Nicollas estavam junto a um homem de boa aparência e com um jeito
caipira. Kátia ficou radiante ao ver a fotografia e falou:
-Este é Ludovico White, um dos fazendeiros mais ricos do mundo, e aquele quem eu irei dar o golpe do baú!
(...)